ENTENDENDO
A BASE
Vamos nos deter um pouco no estudo
do cálculo e utilização das bases históricas. Base = Preço Físico – Preço
Futuro. Embora a equação seja muito simples, a sua resposta é a chave para um
melhor planejamento da comercialização da produção agrícola e aumento da
lucratividade. As bases históricas são utilizadas para ajudar a determinar a
melhor época de comprar ou vender, quando usar o mercado futuro ou de opções
para estabelecer uma proteção de preços, em qual mês contratual estabelecer a
proteção, quando aceitar o preço de determinado contrato físico de venda
antecipada e travamento de margens de lucro. Por questões práticas, no entanto,
vamos nos deter mais na sua utilização para estabelecimento de um preço mínimo
de venda da soja, em dólares norte-americanos, através das opções sobre
contratos futuros, negociadas na Bolsa de Chicago ou nela referenciadas.
Entendendo
a Base
Base é a diferença entre o preço local
de uma commodity e o preço de um contrato futuro específico da mesma commodity
num dado momento. Preço físico local – preço futuro = base. Vejamos este
exemplo de cálculo efetuado com as cotações da soja, em dólares por saca de 60
Kg, tendo como referência o preço físico praticado em Palotina e o preço futuro
negociado na Bolsa de Chicago, em 23/05/2003:
Preço físico local |
$11.55 |
Futuro de Maio/04 |
$12.56 |
Base |
–$1.01 |
Neste exemplo, o preço físico é de
um dólar e um centavo de dólar abaixo do contrato de maio de 2004. Na linguagem
de mercado você diria que a base é “1,01 abaixo de maio”. Por outro lado, se o
preço físico estivesse $1.01 dólares mais alto que o contrato de maio, você
diria que a base é de “1,01 acima de maio”.
Na verdade, você pode pensar da base
como a “localização” de um preço futuro. O preço do mercado futuro representa o
preço mundial para a soja e é usado como referência para determinar o valor da
soja no mercado local. Visto que a base reflete as condições do mercado local,
ela é diretamente influenciada por vários fatores incluindo:
· Custos de transporte
· Condições de oferta e demanda local,
tais como a qualidade da soja, disponibilidade, necessidade do produto, clima
local
· Custos de armazenagem e financeiros
· Custos de manuseio e margens de
lucro
Visto que estes fatores variam de um
local para outro, as bases também variam entre diferentes praças de
comercialização. Um dos principais fatores que influenciam o número são os
custos de transporte. Vendedores localizados mais longe das áreas onde a soja é
usada ou exportada estão em desvantagem por causa dos custos para transportar o
produto até o consumidor.
Um outro componente importante da
base é a oferta e demanda do mercado físico local. Quando há falta de soja na
área de comercialização, o preço físico local aumenta em relação ao preço
futuro. Em outras palavras, a diferença entre o preço físico local e o preço
futuro torna-se menos negativa (ou mais positiva). Este tipo de movimentação
nos valores da base é referido como fortalecimento da base. O
fortalecimento da base favorece o produtor da soja. Aqui devemos ressaltar que
o fortalecimento da base refere-se à relação de preço entre o mercado físico
local e o mercado futuro — tal variação não se refere à direção dos preços.
O oposto também é verdade. Quando a
demanda local é baixa ou uma grande oferta da commodity é esperada na região, o
preço físico local diminui em relação ao preço futuro. Neste cenário, a
diferença entre o preço físico local e o preço futuro torna-se mais negativa
(ou menos positiva). Este tipo de movimentação é referido como enfraquecimento
da base. O enfraquecimento da base favorece os compradores da soja, como
acontece, por exemplo, na época da safra. Ressaltamos também que o enfraquecimento
da base refere-se à relação entre o mercado físico e o mercado futuro — ela não
se refere a uma mudança na direção dos preços da soja.
Bases
Históricas
Muito embora os preços variem muito
de ano a ano, a base não varia dramaticamente e, em geral, pode ser prevista
através de padrões históricos. Por isso precisamos das bases históricas, que
são as médias diárias ou semanais, preferencialmente, dos últimos cinco ou dez
anos. Ante a grande dificuldade de se obter tais dados referenciados nos preços
praticados em Palotina, utilizaremos em nossos estudos as bases históricas
calculadas pela diferença entre os preços do Índice de Preço de Soja
ESALQ/BM&F e os preços praticados na Bolsa de Chicago. O Índice de Preço de
Soja ESALQ/BM&F é uma média ponderada dos preços praticados no estado do
Paraná, publicada diariamente pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de
Queiroz", da Universidade de São Paulo – USP.
Usando
a Base na Prática
Cinco características da base são
levadas em consideração ao se decidir o melhor momento de comercializar a soja
ou estabelecer uma proteção de preço:
1. A base tende a ter um padrão
histórico constante.
2. A base fornece uma boa referência
para avaliação dos preços atuais.
3. A base, em geral, enfraquece na
época da safra.
4. A base tende a se fortalecer na
entressafra.
5. A base tende a se manter constante,
mesmo enquanto os preços flutuam.
Visto que há uma certa dose de
“previsibilidade” da base, nós a utilizaremos para tomada de decisões no
estabelecimento de um piso mínimo de venda, em dólares, através das opções
sobre contratos futuros, negociadas na Bolsa de Chicago ou nela referenciadas.