A BOLSA DE
CHICAGO E O PREÇO DA SOJA (Parte V)
© Itamar De
Zan, 2003.
Neste capítulo daremos início ao
estudo dos mecanismos de proteção contra variações do preço da soja, através de
instrumentos financeiros oferecidos pela Bolsa de Chicago (Chicago Board of
Trade – CBOT), como as opções sobre contratos futuros agrícolas.
Mercado
Interno e Internacional
Antes de partirmos para uma
análise mais específica das operações de hedge, com uso de opções sobre contratos
futuros agrícolas, convém ressaltar que no mercado internacional o preço da
soja é cotado em dólares americanos, e não em reais como o produtor local está
acostumado a visualizar as cotações de seu produto. Além do mais, as cotações
da Bolsa de Chicago são um reflexo do consenso mundial acerca do preço da soja
num dado momento, enquanto que a cotação do produto no mercado nacional pode
ser afetada por outros fatores. Basicamente podemos dizer que o preço local da
soja é afetado pela cotação do produto no mercado internacional, visto que
grande parte da produção brasileira é destinada à exportação, pela oferta e
demanda para consumo interno e pela cotação do dólar.
As
Cotações na Bolsa de Chicago
As cotações dos contratos futuros
na Bolsa de Chicago são feitas em dólares americanos e, como vimos em edições
anteriores, em centavos e quartos de centavos de dólar americano por “bushel”.
Um “bushel” é a medida de peso utilizada pelos norte-americanos em transações
comerciais que envolvem grãos. Uma regra fácil para fazermos a conversão de
“bushel” para sacas de 60 Kg e vice-versa é a seguinte:
n sacas =
2,2 X n “bushels”
Assim, 1 saca = 2,2 X 1 “bushels”
ou, simplesmente, 2,2 “bushels”. É importante reter este conceito visto que as
cotações das opções tomam por base o valor da soja por “bushel” e não por saca
de 60 Kg. Outro fator importante é que o produtor compreenda que as cotações da
Bolsa de Chicago podem ser influenciadas pelo mercado brasileiro, mas são
autônomas e refletem a expectativa futura dos negociadores para o mercado
internacional. E por fim, as variações do mercado futuro, por refletirem
expectativas futuras, tendem a ser mais voláteis (mudam com maior facilidade)
do que o mercado físico. Para ser ter uma idéia das variações ocorridas no
preço, observe o gráfico da soja. Os números no lado direito do gráfico, no
eixo vertical (de 420’0 a 620’0), indicam o preço da soja em centavos e quartos
de centavos por “bushel”, enquanto o eixo horizontal, embaixo do gráfico,
indica a data do pregão. Cada barra vertical no centro do gráfico indica as
variações do preço numa mesma sessão numa data específica. O traço à esquerda
da barra indica o preço de abertura e o traço à direita indica o preço de
fechamento. Os extremos da barra indicam o preço máximo e o mínimo alcançado
numa mesma sessão. Para a construção do gráfico são utilizadas as variações do
contrato futuro próximo da bolsa (para entrega mais próxima), dando o efeito de
continuidade no tempo. Os números de 1 a 8 são amostras do preço aproximado em
dólares americanos por saca de 60 Kg, que podem ser verificados na tabela
abaixo. O número 8 é a cotação do dia 20/08/2002. A cotação mais alta foi
alcançada alguns dias atrás em torno de $6.20 por “bushel” ou $13,64 por saca
de 60 Kg.
Nº |
US$/saca |
1 |
11,66 |
2 |
09,24 |
3 |
10,01 |
4 |
09,17 |
5 |
10,56 |
6 |
11,44 |
7 |
13,20 |
8 |
12,14 |