UTILIZANDO
A BOLSA DE CHICAGO COMO FERRAMENTA DE COMERCIALIZAÇÃO – O Contrato Futuro
© Itamar De
Zan, 2003.
Nos capítulos anteriores abordamos
alguns aspectos mais teóricos sobre o mercado futuro e de opções sobre
contratos futuros, bem como algumas noções sobre o funcionamento da Bolsa de
Chicago e alguns termos técnicos das opções. Superada essa etapa vamos estudar
as especificações dos contratos futuros e de opções, com exemplos práticos de
sua utilização como instrumentos de comercialização da soja.
O
Contrato Futuro
Embora os contratos futuros
negociados na Bolsa de Chicago sejam de difícil acesso para o público
brasileiro, é necessário que os conheçamos para compreendermos o mecanismo de
precificação das opções.
Conceito
Um contrato futuro é uma obrigação
de fazer ou receber a entrega de uma quantia específica, de determinada
qualidade, de uma determinada commodity num lugar e tempo pré-determinados no
futuro. Todos os termos do contrato são padronizados e estabelecidos de
antemão, exceto o preço. Este é decidido no pregão viva-voz da bolsa de
mercadorias e futuros, ou através de um sistema de negociação eletrônico.
As
Especificações do Contrato Futuro de Soja
As especificações básicas do
contrato futuro de soja, negociado na Bolsa de Chicago, são as seguintes:
Tamanho do contrato: 5.000
bushels (2.267 sacas)
Variação mínima: ¼ de
centavo de dólar americano por bushel (equivalente a $12.50 dólares por
contrato)
Cotação: centavos
e quartos de centavo de dólares americanos por bushel
Meses contratuais:
setembro, novembro, janeiro, março, maio, julho e agosto.
Como um bushel de soja equivale a
aproximadamente 27,2155 quilogramas, para convertermos a sua cotação ou
quantidade em sacas de 60 Kg, basta multiplicarmos por 2,205 (o quociente
aproximado de 60 dividido por 27,2155). Assim, quando dizemos que a soja esta
cotada a $5.00 dólares por bushel, isto equivale a aproximadamente $11.03
dólares por saca de 60 kg ($5.00 X 2,205).
O
Ajuste Diário
Uma das características do mercado
futuro é o ajuste diário das posições, ou marcação a mercado. Juntamente com a
margem de garantia este mecanismo garante o cumprimento do contrato futuro
entre as partes. Para se vender um contrato futuro não é necessário depositar
todo o valor do contrato, mas apenas a margem de garantia, que atualmente é de
$1,148.00 dólares americanos por contrato de 5.000 bushels. Ao final de cada
pregão diário a câmara de compensação faz o ajuste diário das posições
debitando ou creditando a conta de compradores e vendedores, conforme o
fechamento do dia. Por exemplo, se alguém comprou um contrato por $5.00 dólares
por bushel, e o pregão fechou com a soja cotada a $5.10, a conta do comprador é
creditada em $500.00 dólares [5.000 X ($5.10 – $5.00)], e a do vendedor
correspondente é debitada na mesma proporção. Se a margem de garantia não for
mantida, o comprador ou vendedor recebe uma notificação, por telefone, para
depositar os fundos adicionais imediatamente, sob pena de liquidação forçada da
posição, ficando ainda responsável por débitos remanescentes, situação esta que
é conhecida como margin call.
Como
funciona uma operação de Hedge
Um hedge serve basicamente para
“travar” o preço atual da commodity, a fim de se proteger contra variações
futuras. Para compreendermos um hedge, vamos utilizar o seguinte exemplo:
é mês de outubro e você é um agricultor que plantou soja. O preço da soja no
mercado físico atualmente é de $12.00 dólares por saca, mas você receia que na
época da safra o preço estará menor. Vamos supor ainda que as cotações do
mercado futuro e do mercado físico sejam iguais e o contrato futuro com
vencimento em maio esteja cotado também a $12.00 dólares por saca. Você poderia
vender a quantidade de contratos futuros correspondente à sua produção
estimada, para compra-los de volta na época da safra, quando chegar a hora de
vender a sua produção. Se os preços baixarem na época da safra, as perdas no
mercado físico serão compensadas pelos ganhos no mercado futuro. Com os
contratos futuros, uma pessoa pode vender primeiro e então comprar mais tarde
ou comprar primeiro e vender mais tarde. Independentemente da ordem em que a
transação ocorra, quando alguém compra a um preço mais baixo e vende a um preço
mais alto, ela tem um lucro com a negociação dos contratos futuros. Ao vender
agora com a intenção de comprar de volta mais tarde você passa a ter uma
posição de venda no mercado futuro. Uma baixa nos preços resultará em ganhos,
porque você terá vendido a um preço mais alto e comprado a um preço mais baixo.
Continuando com o nosso exemplo, o que acontecerá se o preço no mercado físico
baixar em $1.00 dólar por saca? Embora o valor no mercado físico tenha baixado
em $1.00 dólar por saca, a sua posição de venda no mercado futuro terá um ganho
de $1.00 dólar por saca. E visto que o ganho de sua posição no mercado futuro é
igual à perda no mercado físico, o seu preço líquido de venda continua a $12.00
dólares por saca. E se os preços tivessem subido $1.00 por saca, ao invés de
baixar? Uma vez mais, o seu preço líquido de venda seria $12.00 dólares por
saca, pois a perda de $1.00 por saca no mercado futuro seria compensada pelo
ganho de $1.00 por saca no mercado físico. Note que em ambos os casos, os
ganhos e as perdas nas duas posições cancelam uns aos outros. Isto é, quando há
um ganho em uma posição de mercado, há uma perda equivalente na outra. Isto
explica porque se diz que o “hedge” “trava” um determinado preço.